Wuthering Heights

28 06 2007

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Amor e obsessão, acho que são duas das palavras que melhor descrevem “O Monte dos Vendavais” de Emily Bronte. Li este livro por duas razões: a primeira tem que ver com o nome Wuthering que serve para descrever o barulho que o vento faz ao passar pelas árvores; a segunda deve-se ao cenário onde se desenrola a história – Inglaterra. Tenho uma enorme afeição por este país, onde vivi durante algum tempo. O vento recorda-me, incessantemente, o caminho que percorria entre a Faculdade e a residência de estudantes, a altas horas da noite, acompanhada por murmúrios agitados ou calmos, dependia da vontade do vento.  A história de Catherine e Heathcliff confere alguns sentimentos de angústia perante a natureza sombria e agreste em que vivem. A agressividade do ambiente transparece na personalidade dos personagens. A obsessão do amor de Heathcliff por Catherine torna-o num homem egoísta e cruel, sentimentos que o impedem de nutrir por outra qualquer pessoa outro qualquer sentimento que não seja o da indiferença, desprezo ou vingança. Heathcliff é um personagem tormentoso. Queremos odiá-lo mas, ao mesmo tempo, não conseguimos porque estamos sempre na expectativa que se torne numa melhor pessoa e deixe transparecer emoções de carinho, amizade, afecto sobre aqueles que com ele vivem. E esta esperança torna-se, ainda, maior quando se aproxima o final da história: Catherine, filha do seu amor obsessivo, é obrigada a ir viver no Monte dos Vendavais, depois do seu pai morrer e de ter sido obrigada a casar com seu primo Linton. A encantadora Catherine, de cabelos louros aos caracóis, transforma-se então numa criatura maldosa, altiva e arrogante.  É isto que torna angustiante o aproximar do final: desejamos que o bem vença sobre o mal e a poucas folhas do fim constatamos que uma personagem, que cresceu sob a hoste do amor, é arrastada para o mundo sombrio e negro de Heathcliff. E quando já se vê, mais ou menos, o final das páginas, este homem morre. Morre de amor, atormentado pela ideia de ver o fantasma de Cathy e pela ansiedade de se juntar a ela, apesar do seu vigor físico.  Só Hareton consegue, com o seu amor, tirar Catherine desse obscurantismo. Tornam-se cúmplices, apaixonados, os sobreviventes do amor. Depois da tempestade, a bonança. A luz e a esperança sobrevivem ao amor trágico de Heathcliff em poucas linhas mas que deixam adivinhar, para ambos, uma vida feliz, bem diferente daquela experimentada pelos seus progenitores.  É um romance bem adequado ao nosso tempo. A luz, a esperança e o amor não podem deixar de ser os faróis que nos guiam pela vida por maiores que sejam as suas intempéries.


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2 responses

28 06 2007
Buttafly

Li este livro quando tinha uns 16 anitos e depois voltei a ler na faculdade… Mais dia menos dia vou ter de lhe pegar de novo e mais uma vez vou pensar que é daqueles que gostaria de nunca ter lido, para poder AINDA ler.

😉

29 06 2007
Be

Buttafly,
Eu, realmente, fiquei com essa sensação, apesar da angústia no aproximar-se do final do romance. Mas gostei bastante.

Sou visita assídua do seu blog que acho divertido e onde, invariavelmente, se passam bocadinhos muito saborosos. Parabéns. E já agora parabéns , também, pelo aniversário. Os trinta são a época dourada da mulher. Eu já vou a meio.

😉

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